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Alerta de temporal: 44 cidades de MS estão sob risco de alagamentos e ventos fortes

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de chuvas intensas e ventos fortes para 44 municípios de Mato Grosso do Sul. A previsão é válida até às 10h desta quarta-feira (23), com chuvas de até 50mm por dia e rajadas de vento entre 40 e 60 km/h. A instabilidade climática é causada por uma área de baixa pressão atmosférica no Paraguai, que deve influenciar o clima em grande parte do centro-sul do Brasil nos próximos dias. A previsão da Climatempo aponta que a situação deve se intensificar entre quinta (24) e sexta-feira (25). Durante o feriado prolongado, várias cidades sul-mato-grossenses já registraram alagamentos, quedas de árvores e rodovias bloqueadas. A orientação é redobrar os cuidados, especialmente em áreas de risco. ⚠️ Municípios sob alerta: Alcinópolis, Amambai, Anastácio, Antônio João, Aquidauana, Aral Moreira, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caarapó, Camapuã, Caracol, Chapadão do Sul, Corguinho, Coronel Sapucaia, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Eldorado, Figueirão, Guia Lopes da Laguna, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Jardim, Juti, Ladário, Laguna Carapã, Maracaju, Miranda, Mundo Novo, Naviraí, Nioaque, Paranhos, Pedro Gomes, Ponta Porã, Porto Murtinho, Rio Negro, Rio Verde de MS, São Gabriel do Oeste, Sete Quedas, Sonora, Tacuru. 📌 Recomendações em caso de temporal:

Prefeituras decretam emergência e articulam ações após temporal no interior de MS

As fortes chuvas que atingiram o interior de Mato Grosso do Sul no último fim de semana mobilizaram prefeituras em ações emergenciais para conter os estragos e recuperar as áreas afetadas. Em Jardim, os danos foram tão significativos que a gestão municipal decretou estado de emergência, enquanto em Bela Vista, a principal preocupação recai sobre a queda de uma ponte na zona rural. Interdição na BR-267 e situação em Jardim A rodovia BR-267 permanece totalmente interditada no km 533 desde sexta-feira (18), no trecho entre as rotatórias da Apaporé e da entrada do Calcário Bodoquena, em Jardim. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que o bloqueio foi causado por deslizamentos e alagamentos provocados pelas chuvas intensas. O prefeito de Jardim, Juliano Miranda (Guga – PSDB), declarou que a cidade precisará de quatro a cinco dias de tempo firme para iniciar os reparos mais urgentes. Segundo ele, cerca de 10 famílias chegaram a ficar desalojadas, mas todas já foram realocadas em suas residências ou casas de parentes. “Acredito que, se o tempo firmar, conseguimos avançar bastante nos reparos em quatro ou cinco dias”, disse o prefeito. Foto: prefeitura de Jardim

Fundo indígena premiará projetos para atenuar mudanças climáticas

O Fundo Indígena da Amazônia Brasileira Podáali abriu nesta segunda-feira (14) inscrições para o Prêmio Ciências Indígenas – Soluções Ancestrais pelo Clima, pela Amazônia e por Todas as Vidas. Iniciativa pioneira na facilitação do acesso a recursos por amazônidas (naturais da Amazônia), o Podáali contemplará pelo menos 47 ações ou organizações que tenham como foco a mitigação da mudança climática.  Três categorias estão incluídas no Prêmio Ciências Indígenas: a primeira, voltada para coletivos indígenas locais, ou seja, grupos que não têm registro formal mediante CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Podem ser compostos por jovens, mulheres, guardiões, professores ou brigadistas, por exemplo. Cada um dos grupos contemplados receberá R$ 20 mil. A segunda categoria abrange organizações indígenas com CNPJ, de alcance regional, estadual ou temático (juventude, mulheres, professores e outros). O prêmio será de R$ 40 mil. A terceira categoria é restrita a entidades pertencentes à rede da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que cocriou o fundo e é uma das principais agremiações do movimento indígena do país. Entre essas entidades, estão a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará -(Apoianp) e a Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit).  O prazo para inscrição de candidatos ao prêmio termina no dia 30 de maio. Os interessados em mais informações podem acessar o site do Podáali. Letycia Bond – Repórter da Agência Brasil Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Crise climática pode provocar nova extinção em massa, diz pesquisador

Se a humanidade não conseguir reverter os efeitos das mudanças climáticas, a Terra pode sofrer uma extinção em massa, semelhante à do Período Permiano (entre 299 e 251 milhões de anos atrás), quando cerca de 90% das espécies não conseguiram sobreviver às condições drásticas. O alerta é do pesquisador Hugh Montgomery, diretor do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London, na Inglaterra, e um dos autores do relatório de 2024 sobre saúde e mudanças climáticas da publicação científica The Lancet. O estudioso abriu a programação do Forecasting Healthy Futures Global Summit, evento internacional sobre saúde e clima, que começou nesta terça-feira (8) no Rio de Janeiro. O Brasil foi escolhido para sediar a conferência porque vai receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em novembro. Montgomery ressaltou que essa extinção já vem ocorrendo ─ “a maior e mais rápida que o planeta já viu, e somos nós que estamos causando isso”, frisou. Entretanto, a morte de espécies pode chegar a níveis catastróficos se o aumento da temperatura média global chegar a 3 graus Celsius (ºC) acima dos níveis pré-industriais. Em 2024, alcançamos um aumento recorde de 1,5º C, e cientistas estimam que se as ações atuais foram mantidas, especialmente no que se refere a emissão de gases do efeito estufa, esse aumento deve chegar a 2,7 °C até 2100. “Se continuarmos golpeando a base dessa coluna instável sobre a qual estamos apoiados, a própria espécie humana estará ameaçada. No ano passado, emitimos 54,6 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente na atmosfera — um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior. A concentração atmosférica de CO₂ não só está aumentando, como está aumentando de forma cada vez mais acentuada”, explicou o especialista. E, de acordo com Montgomery, outras consequências drásticas poderão afetar a Terra bem antes disso. “Se alcançarmos, mesmo que temporariamente, um aumento entre 1,7 °C e 2,3 °C, teremos um colapso abrupto das camadas de gelo do Ártico. Sabemos que isso também vai causar uma desaceleração significativa da Circulação Meridional do Atlântico, da qual depende o nosso clima, nos próximos 20 ou 30 anos, provocando uma elevação do nível do mar em vários metros, com consequências catastróficas”. Ele chama atenção para outras causas do aquecimento global, como a emissão de metano, gás com potencial danoso 83 vezes maior do que o dióxido de carbono, liberado principalmente durante a exploração de gás natural. O cientista inglês também argumentou que ações imediatas de despoluição são essenciais para a própria economia mundial, que, prevê ele, deve reduzir em 20% ao ano, ou 38 trilhões de dólares, a partir de 2049, por causa dos efeitos das mudanças climáticas. Hugh Montegomery avalia que é importante pensar em medidas de adaptação a mudanças no clima, porque elas já estão afetando a saúde da população hoje, “mas isso não pode ser feito em detrimento de uma redução drástica e imediata nas emissões, porque não faz sentido focar apenas no alívio dos sintomas quando deveríamos estar buscando a cura”.

Seminário Internacional propõe estratégias integradas para prevenir incêndios no Pantanal

Campo Grande sediou, nesta quarta-feira (2), o Seminário Internacional de Manejo Integrado do Fogo no Pantanal, reunindo especialistas, pesquisadores e autoridades do Brasil e de outros países para debater ações eficazes de prevenção e combate aos incêndios que ameaçam o bioma pantaneiro. O encontro teve como foco principal a troca de experiências e a articulação entre diferentes setores para fortalecer a política de Manejo Integrado do Fogo (MIF), especialmente diante do cenário preocupante de estiagem prolongada e elevação nos focos de calor. Para a pesquisadora Navashini Govender, com mais de 30 anos de experiência na área, a rapidez na identificação dos focos de incêndio é crucial. “Quanto mais cedo o fogo for detectado, maior a chance de controle com menor impacto ambiental”, explicou. A detecção precoce permite que os brigadistas atuem antes que o fogo se espalhe descontroladamente. O diretor de comunicação do Instituto S.O.S. Pantanal, Gustavo Figueiroa, reforçou que a união de esforços e o aprendizado com outros países são fundamentais para acelerar as soluções. “Estamos lidando com profissionais que já testaram estratégias bem-sucedidas em outras regiões do mundo. Precisamos aprender com os acertos e erros deles, porque o tempo para agir está se esgotando”, alertou. A preocupação é reforçada pelos números alarmantes: somente em 2024, mais de 2 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. De 1º de janeiro a 23 de julho, o bioma perdeu 802.875 hectares, um aumento de 2.362% em relação ao mesmo período de 2023. O total já supera inclusive os registros de 2020, ano considerado o mais destrutivo da história recente do Pantanal. Diante dessa realidade, o seminário enfatizou a importância da cooperação internacional, inovação tecnológica e capacitação contínua de brigadistas, visando minimizar os danos causados pelas queimadas e preservar um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta.

Imasul suspende licença de funcionamento da Praia da Figueira em Bonito

O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) determinou, nesta quarta-feira (26), a suspensão por tempo indeterminado da licença de operação da Praia da Figueira, balneário turístico administrado pela empresa Empreendimentos Turísticos Alto do Formoso Ltda, localizado no município de Bonito. A decisão foi oficializada por meio da Portaria nº 1.537, assinada pelo diretor-presidente do Imasul, André Borges Barros de Araújo, e publicada no Diário Oficial do Estado. Com a medida, estão suspensas todas as atividades de flutuação e passeio ecológico terrestre no local, que devem ser imediatamente interrompidas pela empresa. O descumprimento da ordem pode resultar em sanções por infração ambiental. De acordo com o Imasul, a suspensão da Licença de Operação nº 27/2021, vinculada ao processo n° 71.404.632/2020, se deu pela necessidade de reavaliar o licenciamento ambiental do empreendimento. A medida foi tomada com base em legislações estaduais e federais que autorizam a revisão de empreendimentos com potencial poluidor em casos de irregularidades ou falhas administrativas. Além da suspensão, o balneário é alvo de investigação do Ministério Público Estadual, que apura a suspeita de captação ilegal de água do rio Formoso para abastecer uma lagoa artificial existente no local. Segundo as denúncias, bombas estariam sendo utilizadas para retirar água do rio e transferi-la para o reservatório artificial, sem autorização ambiental válida. A empresa responsável chegou a apresentar um documento declarando o uso de recurso hídrico, mas, conforme esclareceu o Imasul, tal documento não concedia permissão para a captação e utilização da água da maneira que vinha sendo realizada. A investigação do MP segue em andamento.

MS atinge recorde na produção de etanol e se consolida como referência em bioenergia e descarbonização

Mato Grosso do Sul alcançou um novo patamar no setor bioenergético ao registrar produção recorde de etanol na safra 2024/25. Com 4,2 bilhões de litros produzidos, o estado se firmou como o quarto maior produtor do país, demonstrando resiliência e inovação mesmo diante de desafios climáticos que impactaram a moagem da cana-de-açúcar. O crescimento expressivo se deve, em grande parte, à adoção do etanol de milho como fonte complementar. Atualmente, o etanol derivado do cereal representa 37% da produção total no estado. Essa diversificação tem sido estratégica, possibilitando a manutenção da produtividade mesmo com a redução de 5,1% na quantidade de cana processada. No total, 22 usinas estão em operação em MS, gerando aproximadamente 30 mil empregos diretos. O avanço está alinhado à meta estadual de neutralidade de carbono até 2030. Segundo dados da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), entre 2020 e 2024, as usinas do estado deixaram de emitir 13,7 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente ao plantio de cerca de 89 milhões de árvores. Durante a Expocanas 2025, feira realizada em Nova Alvorada do Sul e considerada uma das maiores do segmento no estado, mais de 120 expositores se reuniram para debater soluções e tecnologias para o setor de bioenergia. O evento também foi palco para o fortalecimento de parcerias institucionais e reconhecimento de lideranças. Na cerimônia de abertura, o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, destacou o compromisso do governo com o setor. “O Mato Grosso do Sul vem investindo fortemente em bioenergia. Nossa competitividade em áreas como floresta plantada e proteína animal impulsiona esse setor que é estratégico para o crescimento sustentável do estado”, afirmou. Amaury Pekelman, presidente da Biosul, também ressaltou a importância do etanol de milho na estabilidade e crescimento da cadeia produtiva. “Essa complementaridade trouxe não apenas estabilidade diante das variações climáticas, mas também eficiência e avanços tecnológicos. O setor demonstrou sua capacidade de adaptação com resultados positivos”, disse. Para a próxima safra (2025/26), as projeções apontam para mais um ciclo de crescimento: a moagem de cana deve alcançar 50,5 milhões de toneladas — um aumento de 3,5% — e a produção de etanol pode atingir 4,7 bilhões de litros, o que representa alta de 11%. Como parte do reconhecimento ao trabalho em prol do setor, o secretário Jaime Verruck foi homenageado pela Embrapa Agropecuária Oeste e pela TCH Gestão Agrícola. A entrega da homenagem foi feita por Harley Nonato de Oliveira, chefe da Embrapa Dourados, e por José Trevelin Jr, da TCH Agrícola. O desempenho de MS no setor reforça sua posição de liderança na produção de energia limpa e na contribuição efetiva para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas, com geração de renda, empregos e inovação tecnológica. Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc

Situação dos rios na Mata Atlântica é preocupante, aponta pesquisa

Pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica coletou dados em 112 rios durante o ano de 2024, em 14 estados com incidência de Mata Atlântica, e percebeu ligeira piora e estagnação em alguns pontos, e poucos registros de melhora, restritos a projetos pioneiros, além de um aumento pequeno mas sensível de pontos em que a qualidade das águas foi considerada ruim. O estudo recebeu apoio de uma rede de voluntários e cobriu 145 pontos de coleta em 67 municípios do Nordeste ao Sul do país, 18 pontos a mais do que o estudo anterior, com dados coletados em 2023.  Em 7,6% dos pontos (11), as amostras apresentaram qualidade boa, enquanto 13,8% (20) foram classificados como ruins e 3,4% (5) atingiram a pior classificação, péssima.  A predominância da qualidade regular, em 75,2% dos pontos (109), reforça o alerta sobre a vulnerabilidade dos recursos hídricos na Mata Atlântica, segundo o relatório.  A melhor classificação, ótima, não foi encontrada em nenhum ponto de medição. São 16 parâmetros analisados, que remetem à Resolução 357/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O levantamento produziu uma métrica batizada de Índice de Qualidade da Água (IQA), que atesta que os rios com qualidade ótima ou boa contam com condições adequadas para abastecimento, produção de alimentos e vida aquática equilibrada, enquanto aqueles classificados como regulares já apresentam impactos ambientais que podem comprometer seu uso para consumo ou lazer.  Nos rios com qualidade ruim ou péssima, a poluição atinge níveis críticos, prejudicando tanto a biodiversidade quanto a população que depende desses recursos hídricos, e a saúde pública. É o caso do Rio Pinheiros, em São Paulo, há pelo menos 5 décadas com ocupação intensiva e despejo de esgoto direto.  No começo dos anos 1960 ainda era possível navegar e pescar nele, assim como em centenas de rios menores, que foram canalizados na cidade, história que a TV Brasil contou em reportagem. Soluções “Por enquanto, o que a gente tem observado avançando a partir do marco legal do saneamento, de 2020, é o processo de privatização das empresas de saneamento, mas não necessariamente os investimentos estão aparecendo. O rio nos conta tudo, e ele está nos contando que ainda faltam esses investimentos”, explica Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios na SOS Mata Atlântica.  “Também [o rio] nos conta que com as soluções tradicionais talvez a gente não chegue em 2033, que o marco preconiza como a data em que a gente tem que ter 99% das pessoas com acesso à água e 90% das pessoas com acesso à coleta e tratamento de esgoto”, alerta. Para Veronesi, as soluções convencionais não vão dar conta, em um cenário de emergências climáticas, sendo necessário aplicar soluções alternativas para atingir a universalização do saneamento, viáveis em áreas rurais ou em cenários isolados dentro de grandes cidades.  “São comunidades isoladas, pequenas comunidades, em que o investimento para se levar a tubulações, quilômetros de tubulações para se coletar esse esgoto, não são viáveis”, diz o pesquisador. Parque Municipal da Fonte com nascente na Travessa da Fonte, Vila Pirajussara, instalou um Tanque de Evapotranspiração – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil Uma dessas iniciativas para melhorar a qualidade de rios acontece no coração da maior cidade do país, São Paulo, no Butantã. O bairro na zona oeste é cortado por diversos riachos e córregos. Alguns deles correm próximos e afloram  em uma fonte, com construções que nos remetem a antes da ocupação portuguesa.  O Parque da Fonte Peabiru, em um terreno tombado, tornado de utilidade pública e municipalizado após décadas de luta da comunidade do Morro do Querosene, enfrentou por muitos anos poluição de esgoto doméstico, uma vez que a rede de saneamento da Sabesp não atendia a todas as casas do bairro.  Em um projeto apoiado pela SOS Mata Atlântica e organizado por moradores, foi construído um sistema para descontaminação do Córrego da Fonte constituído por uma pequena rede coletora desse esgoto que o despeja em um Tanque de Evapotranspiração (Tevap), isolado do lençol freático. É um projeto de permacultura com conceitos de Soluções Baseadas na Natureza, que impede que os efluentes de cerca de 30 pessoas sejam lançados no parque, que ainda não foi oficialmente aberto à população. Parte dos moradores se junta todo domingo de manhã para limpeza e melhorias no espaço. Moradora da região há algumas décadas, Cecília Pellegrini considera que esse tipo de esforço, de soluções no micro, são necessárias.  “Nós do bairro convivíamos com o mau-cheiro e a poluição, mas desde dezembro, quando terminamos o sistema Tevap, o problema acabou. A água está limpa. É o tipo de solução que representa o futuro, que trata aqui, no local, ao invés de jogar esse esgoto para ser tratado longe, com perda e contaminação no caminho”, comemora Cecília Pellegrini.  Para Cecília, é uma solução que ainda beneficia o bairro com bananeiras, girassóis e uma dezena de plantas que fazem a filtragem e devolvem a umidade ao entorno, que conta com árvores centenárias e o carinho da comunidade. Cecília Pellegrini participou do projeto de descontaminação do Córrego da Fonte, no Parque Municipal da Fonte – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil O estudo reforça que a insuficiência das estruturas de saneamento básico ainda é o principal elemento a determinar a ausência de melhorias. Cerca de 35 milhões de brasileiros seguem sem acesso à água potável e metade da população do país não têm tratamento de esgoto.  Foram identificados casos pontuais de melhoria, que “demonstram o potencial de recuperação quando há mobilização e políticas adequadas, mas exige um esforço coordenado entre sociedade, governos e empresas”, segundo a pesquisa.  Um desses exemplos é o Córrego Trapicheiros, na cidade do Rio de Janeiro, que apresentou uma melhora de qualidade regular para boa, assim como os rios Sergipe e do Sal, em Sergipe. Em São Paulo, o Córrego São José, na capital, saiu da classificação ruim para regular. O relatório apontou a piora no Rio Capibaribe, em Pernambuco, e no Rio Capivari, em Florianópolis, onde houve impacto significativo de despejo irregular de esgoto.  “A ausência de fiscalização adequada e a expansão urbana desordenada contribuem para esse cenário de

Senar/MS amplia preservação de nascentes e eleva índice de conservação para 70% em 2024

No mês em que é celebrado o Dia Mundial da Água, o Senar/MS reforça a importância da preservação dos recursos hídricos por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Ação de Proteção de Nascentes. Desde sua implementação, em 2020, a iniciativa já identificou 2.233 nascentes em propriedades rurais de 68 municípios sul-mato-grossenses, promovendo a recuperação e conservação dessas áreas estratégicas para a oferta de água em quantidade e qualidade. A legislação brasileira estabelece que as nascentes são Áreas de Preservação Permanente (APP), exigindo um raio mínimo de 50 metros de proteção. O trabalho do Senar/MS, em parceria com produtores rurais, tem sido fundamental para garantir o cumprimento dessas normas e incentivar práticas sustentáveis no agronegócio. Como funciona a Proteção de Nascentes A identificação das nascentes é realizada por técnicos e supervisores da ATeG, que recebem capacitação específica para o monitoramento e proteção dessas áreas. A partir do diagnóstico, são implementadas medidas como cercamento da nascente, limpeza da área, controle de erosão e reflorestamento com espécies nativas, sempre com a autorização dos produtores. De acordo com o coordenador da ATeG Ação de Proteção de Nascentes, Gabriel Pereira, a conservação das nascentes traz benefícios diretos para o produtor rural. “O acesso à água potável melhora a dessedentacão dos animais e pode ser utilizada também no consumo humano. Além disso, protege o solo e amplia a segurança hídrica das propriedades”, destaca. Uma das nascentes monitoradas fica na Fazenda Macaúba, em Corguinho. O dono da propriedade, Celso Afonso, relata que as orientações do Senar/MS ajudam a compreender as normas técnicas da legislação ambiental e os benefícios da conservação. “Isso desperta a possibilidade de transformar o projeto em algo que inspire mais pessoas no cuidado e proteção das nascentes. Cuidar da água é ter a possibilidade de garantir a vida agora e no futuro”, disse. Resultados e impacto ambiental Para medir a conservação das nascentes, são analisados oito quesitos essenciais, incluindo turbidez da água, presença de sedimentos, compactação do solo e cobertura vegetal. Os resultados de 2024 mostram que houve melhora em cinco dos oito indicadores analisados, e um deles se manteve estável. O índice geral de conservação das nascentes atingiu 70% em 2024, um avanço significativo em relação aos 64% registrados no ano anterior. Esse progresso comprova a eficácia das estratégias aplicadas e o engajamento dos produtores na adoção de boas práticas ambientais. A iniciativa do Senar/MS demonstra que é possível conciliar produtividade agrícola com sustentabilidade, beneficiando tanto o setor agropecuário quanto as comunidades que dependem da qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos.

Brasil perde o dobro da área da capital paulista em superfície de água

O Brasil perdeu 400 mil hectares de superfície de água em 2024, uma extensão que equivale a mais de duas vezes a cidade de São Paulo, aponta a atualização da série histórica do MapBiomas Água, divulgada nesta sexta-feira (21). No ano passado, o território do país coberto por corpos hídricos e reservatórios ficou em 17,9 milhões de hectares, o que representa uma diminuição de 2% em relação 18,3 milhões registrados em 2023. De acordo com a nova coleção de mapas e dados de cobertura do território nacional por superfície de água, há uma acentuação na trajetória de diminuição dessa área na última década, quando foram registrados oito dos anos mais secos da série histórica iniciada em 1985. No período, apenas em 2022 houve recuperação da superfície de água, quando atingiu 18,8 milhões de hectares. Segundo o pesquisador Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, o Brasil o brasil está mais seco por causa da dinâmica de ocupação e uso da terra associada aos eventos climáticos extremos. “Esses dados servem como um alerta sobre a necessidade de estratégias adaptativas de gestão hídrica e políticas públicas que revertam essa tendência”, diz. Em 2024, a Amazônia registrou 10,9 milhões de hectares de superfície de água, representando 61% do total no Brasil. A Mata Atlântica registrou 2,2 milhões de hectares ou 13% do total, o Pampa 1,8 milhão de hectares, ou 10% do total, o Cerrado tem 1,6 milhão de hectares ou 9% do total e a Caatinga tem 981 mil hectares ou 5% do total. Pantanal O Pantanal registrou, em 2024, 366 mil hectares de superfície de água, representando apenas 2% do total no país. O bioma teve uma redução de 4,1% em relação ao ano anterior, e foi o mais afetado pela redução desde 1985, com uma perda de 61% da extensão ao longo desses anos. “Desde a última cheia em 2018, o bioma tem enfrentado o aumento de períodos de seca e, em 2024, a seca extrema aumentou a incidência e propagação de incêndios”, explica o pesquisador Eduardo Rosa, da equipe do MapBiomas Água. Amazônia A seca extrema vivida na Amazônia em 2024 também impactou as superfícies de água no bioma, promovendo uma redução de 1,1 milhão de hectares em relação a 2023 e de 4,5 milhões de hectares em relação a 2022. No ano passado, quase dois terços (63%) das 47 sub-bacias hidrográficas registraram perda de superfície de água em relação à média histórica. Sub-bacias do Rio Negro já perderam mais de 50 mil hectares na média histórica. “Foram dois anos consecutivos de secas extremas na Amazônia, sendo que, em 2024, a seca chegou mais cedo e afetou bacias que não foram fortemente atingidas em 2023, como a do Tapajós”, destaca o pesquisador da MapBiomas Carlos Souza Jr. Pampa Em relação a 2023, o bioma Pampa permaneceu praticamente estável, com um ganho de cerca de 100 mil hectares de área coberta por água, ficando ainda 0,3% abaixo de sua média histórica. Segundo Juliano Schirmbeck, isso ocorre devido aos extremos climáticos, que são apontados como a principal consequência das mudanças causadas pelo aquecimento do planeta. “O Pampa teve um início de ano com estiagens, sendo o mês de março o mês mais seco do ano. No mês seguinte, em maio, ocorreu a cheia extrema, atingindo a maior superfície mensal dos 40 anos da série histórica”, explica. Caatinga Ao longo do ano passado, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica se mantiveram acima da média histórica, com destaque para a Caatinga, que terminou o ano com seis mil hectares a mais que em 2023 e a maior área coberta por água nos últimos 10 anos. Segundo o pesquisador Diêgo Costa, da equipe Caatinga do MapBiomas, esse resultado indica a consolidação de um ciclo de cheias para o bioma iniciado em 2018, mas é preciso ficar alerta. “Apesar desse cenário favorável, persistem áreas com secas recorrentes, especialmente ao longo da bacia do São Francisco e na região do Seridó Nordestino — territórios particularmente vulneráveis à desertificação.”, ressalta. Cerrado Sobrevoo no norte da Bahia e parte do Piauí – Arquivo/Thomas Bauer/ SOS Mata Atlântica Um fenômeno foi observado no bioma Cerrado, que passou por uma substituição de corpos hídricos naturais, como rios e lagos, por superfícies de água artificiais como represas e reservatórios. Ao longo dos 40 anos de série histórica, as regiões onde o bioma ocorre tiveram as superfícies de água naturais reduzidas de 62% para 40% em 2024. Já as superfícies artificiais subiram de 37% para 60% no ano passado. Com isso, as áreas ocupadas por água no bioma permaneceram inalteradas no último ano. De forma geral, no Brasil, houve um crescimento histórico de superfície de água artificial, com um acréscimo de 1,5 milhão de hectares ao longo da série histórica. Entre os biomas que mais concentram reservatórios e represas estão a Mata Atlântica (33%) e Cerrado (24%). Embora ainda respondam por 77% da área coberta por água no país, os corpos de água naturais foram reduzidos em 15% nesses 40 anos. Na avaliação de Schirmbeck, o aumento da superfície de água no Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica derivam do crescimento da água armazenada em hidrelétricas e outros tipos de reservatórios. Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil Foto: Alex Pazuello/Secom