O Pantanal está sofrendo com incêndios devastadores. Desde o início deste ano, uma área equivalente a 680 mil campos de futebol foi consumida pelo fogo no bioma. A destruição acontece em um ambiente que, além de ser conhecido por suas áreas alagáveis, também está enfrentando uma seca severa. A situação levanta várias questões sobre o que está ocorrendo, a intensidade e a frequência dos incêndios, os impactos no bioma e as possibilidades de recuperação.
Todos os anos, o Pantanal enfrenta uma temporada de fogo, que está se tornando cada vez mais intensa e frequente. Como a maior planície inundável do mundo, o Pantanal naturalmente alterna entre períodos de cheia e seca. No entanto, a ação humana intensifica os incêndios, que deveriam ser causados apenas por fenômenos naturais, como raios. De acordo com Cíntia Santos, analista de Conservação do WWF-Brasil, a temporada de fogo geralmente ocorre após a vazante, quando o bioma fica mais seco.
A particularidade do Pantanal torna o combate aos incêndios especialmente difícil. O biólogo Gustavo Figueirôa, diretor de comunicação da ONG SOS Pantanal, explica que a acumulação de matéria orgânica altamente inflamável, conhecida como turfa, cria um ambiente propício para incêndios subterrâneos, que são difíceis de detectar e combater. As mudanças climáticas e a interferência humana agravaram a situação, resultando em temporadas de fogo mais longas e intensas.
Eventos climáticos adversos, como a seca extrema, têm exacerbado a frequência e a intensidade dos incêndios. Segundo Cíntia Santos, do WWF, a seca prolongada e as mudanças climáticas, aliadas à expansão agrícola, são os principais fatores por trás do aumento das queimadas no Pantanal. A nota técnica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ destaca que a região vive um dos períodos mais secos desde 1951.
Neste ano, mais de 3 mil focos de incêndio foram registrados no Pantanal entre 1º de janeiro e 25 de junho, consumindo 661 mil hectares. Este número já supera os registros de 2020, ano que marcou um recorde de devastação. Para combater os incêndios, forças-tarefas envolvendo Corpo de Bombeiros, helicópteros, aviões e militares de outros estados foram mobilizadas. No entanto, estudos apontam que a atividade humana é a principal causa dos incêndios, representando cerca de 84% dos casos.
Medidas de segurança e controle, como a queima controlada, fiscalizações, multas e monitoramento, são essenciais para prevenir e combater os incêndios no Pantanal. Iniciativas governamentais e cooperações entre estados buscam proteger o bioma, mas a ameaça ao Pantanal permanece significativa. A degradação das áreas circundantes e a mudança na dinâmica das chuvas colocam o Pantanal em risco, destacando a necessidade de ações contínuas e eficazes para sua preservação.