O avanço da hanseníase em Mato Grosso do Sul acendeu o alerta das autoridades de saúde. Apenas nos primeiros meses de 2024, o Estado já registrou 324 novos casos da doença — uma média de quase um por dia. Diante do cenário, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) reforçou a capacitação de profissionais e agentes da Atenção Primária em municípios da Região Leste, por meio do Projeto Sasakawa.
A primeira cidade a receber as ações foi Três Lagoas, entre os dias 10 e 13 de junho, com capacitação de 150 agentes comunitários de saúde, em dois grupos. Os participantes foram instruídos sobre sintomas da doença, acolhimento humanizado, busca ativa de contatos e enfrentamento ao estigma.
“A atuação dos agentes é essencial. Eles são a porta de entrada para o diagnóstico precoce e ajudam a romper o preconceito que ainda existe em torno da hanseníase”, afirmou Fabiana Nunes Pisano, consultora técnica da Gerência Estadual de Hanseníase e Tuberculose da SES.
Etapas seguintes e parcerias estratégicas
A próxima etapa da capacitação ocorrerá de 24 a 26 de junho, voltada a médicos, enfermeiros e fisioterapeutas de unidades de saúde de Três Lagoas e outros cinco municípios: Água Clara, Bataguassu, Brasilândia, Santa Rita do Pardo e Selvíria. O objetivo será qualificar as equipes para diagnóstico clínico, manejo das reações hansênicas e aplicação da Avaliação Neurológica Simplificada (ANS).
As ações são fortalecidas por meio de um convênio com o Hospital São Julião, referência estadual no tratamento da hanseníase. A unidade atua como suporte técnico às equipes da Atenção Primária, oferecendo educação continuada, vigilância epidemiológica e apoio clínico.
Em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 275 casos, os dados atuais indicam crescimento nas notificações. A elevação pode refletir tanto um aumento real da transmissão, quanto maior capacidade de detecção precoce por parte das equipes de saúde.
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, com alto potencial de causar incapacidades quando não tratada a tempo. O tratamento é gratuito e está disponível no SUS.