Quando aprendeu a formar suas primeiras frases com lápis e papel, Manuela de Avila Alvarenga descobriu na escrita uma forma de expressar suas emoções. Aos oito anos, decidiu transformar suas experiências dolorosas em seu primeiro livro ilustrado. O livro nasceu de sentimentos que Manu guardou após passar por bullying na escola e ouvir uma reportagem sobre racismo na televisão, que a fez relembrar a dor que sentiu.
Manu uniu a dor causada pelo apelido na escola com a indignação do caso de racismo na TV e criou uma história de conscientização. Ela desejava que ninguém mais fosse destratado por causa da cor da pele ou qualquer outra característica. Usando folhas de caderno dobradas e coladas, Manu escreveu o título na capa e a história nas páginas interiores, depois foi até sua mãe, Quemili de Avila Rodrigues, manifestando o desejo de publicar o livro, surpreendendo a mãe.
A versão original do livro, escrita em letra bastão, expressa a pureza e simplicidade de Manu. Quemili conta que sua filha já havia escrito outros textos, como um pequeno conto de dinossauros para o primo e cartas e poemas para as avós. Ela acredita que a melhor forma de lidar com as experiências ruins que as crianças enfrentam é acolhê-las e oferecer apoio.
Quemili buscou apoio com o Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP/MS) para tornar o desejo de Manu realidade. Conversou com o escritor Ademir Barbosa dos Santos, que orientou a família. Manu adiantou que está escrevendo mais um livro sobre correr atrás de seus sonhos, além de sua obra “O Preconceito do Gato Preto”, que conta a história de um pet shop com dois gatinhos, onde o gatinho preto nunca era adotado.