Primavera reforça potencial de MS no turismo de observação de aves

Com a chegada da primavera, Mato Grosso do Sul ganha ainda mais destaque no turismo de natureza. A estação marca o período de reprodução de muitas espécies, o que torna a observação de aves mais intensa e atrativa para visitantes do Brasil e do exterior. O Estado é privilegiado pela diversidade: reúne quatro biomas — Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Chaco — que juntos abrigam mais de 738 espécies já catalogadas, quase 40% de toda a avifauna do país. Essa riqueza coloca a região entre os principais destinos nacionais para o chamado birdwatching. Entre os locais mais procurados está a Serra da Bodoquena, abrangendo Bonito, Jardim e Bodoquena. O encontro de diferentes biomas cria um ambiente único para os amantes da prática. Espécies raras como o Rapaizinho-do-chaco e a Tiriba-fogo são apontadas como grandes atrativos. Guias locais destacam que pontos como o Recanto Ecológico Rio da Prata, o Buraco das Araras e a Estância Mimosa já registraram centenas de aves em diferentes épocas do ano. Passeios de barco pelo Rio Salobra e áreas como a Fazenda San Francisco, no limite com o Pantanal, também se consolidaram como roteiros importantes, inclusive por receber aves migratórias. A combinação de natureza preservada, diversidade de habitats e infraestrutura turística faz de Mato Grosso do Sul um destino em ascensão no cenário mundial do ecoturismo. Para observadores de aves, a primavera é o convite perfeito para explorar a região.
Câncer ocular infantil raro: como identificar sinais precoces e proteger a visão das crianças

Um dos tumores mais raros da infância, o retinoblastoma, exige atenção redobrada de pais e responsáveis. Apesar de pouco conhecido, ele pode comprometer a visão e até colocar a vida da criança em risco se não for diagnosticado a tempo. A oftalmologista Lídia Guedes, especialista em oncologia ocular do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, explica que os primeiros indícios podem passar despercebidos. “O reflexo branco na pupila, chamado leucocoria, costuma ser o sinal mais comum e pode ser notado em fotografias com flash. Também devemos ficar atentos a estrabismo e inflamações oculares frequentes”, orienta. A doença afeta principalmente crianças de zero a cinco anos. Por isso, o acompanhamento nos primeiros anos de vida é decisivo. O teste do olhinho, realizado ainda na maternidade, é uma triagem fundamental, mas não suficiente para descartar a doença. Conforme a médica, exames de imagem como mapeamento de retina, ultrassonografia ocular e ressonância magnética são ferramentas essenciais para confirmar o diagnóstico e verificar a extensão do tumor. Por ter origem genética, não há formas de prevenção primária. O que faz diferença, segundo Lídia, é o diagnóstico precoce. “Quando detectado nos estágios iniciais, o índice de cura é elevado e as chances de preservar o globo ocular e a visão aumentam consideravelmente.” O tratamento varia conforme a gravidade. Em fases iniciais, pode incluir quimioterapia associada a laser, crioterapia ou medicações intravítreas. Nos casos mais avançados, pode ser necessária a enucleação, procedimento cirúrgico de remoção do olho, medida extrema mas que garante a cura em muitos pacientes. A especialista reforça um alerta aos pais: “As crianças raramente relatam sintomas. Por isso, consultas oftalmológicas semestrais nos primeiros anos de vida são indispensáveis. Detectar cedo salva não apenas a visão, mas também vidas.”
Doação de órgãos: em MS, resistência das famílias ainda supera 60% apesar de avanços

Falar sobre a morte nunca é simples, mas pode ser decisivo para salvar vidas. Em Mato Grosso do Sul, a negativa das famílias para a doação de órgãos e tecidos continua sendo um dos principais obstáculos: mais de 60% dos entrevistados não autorizam o procedimento, mesmo quando existe viabilidade clínica. Segundo a Central Estadual de Transplantes da SES (Secretaria de Estado de Saúde), esse cenário convive com conquistas importantes. Entre janeiro e setembro de 2025, foram feitos 218 transplantes de córnea, 39 de fígado, 16 de rim e quatro de ossos, proporcionando uma nova oportunidade de vida a dezenas de pacientes. A coordenadora da CET, Claire Carmen Miozzo, lembra que a decisão depende da família, o que torna fundamental a conversa em vida. “A entrevista familiar é uma etapa decisiva e exige acolhimento e sensibilidade. Quando o desejo de ser doador é manifestado em vida, o processo de autorização se torna mais claro e respeita a vontade do paciente”, destacou. Mobilização pelo Setembro Verde Para ampliar o debate, o Setembro Verde traz ações de sensibilização. No domingo (21), acontece a 2ª Caminhada “Passos pela Vida”, no Parque dos Poderes, em Campo Grande. Já na segunda-feira (22), a Assembleia Legislativa promove sessão solene para a entrega do Diploma “Amigo do Transplante”, que homenageia pessoas e instituições que fortalecem a cultura da doação no estado. A legislação determina que apenas familiares até segundo grau, cônjuges ou companheiros podem autorizar a doação, com a presença de testemunhas. Por isso, além do preparo técnico das equipes, a orientação do cidadão em vida é essencial para que esse desejo não se perca em meio ao luto. MS em destaque nacional Apesar das dificuldades, Mato Grosso do Sul já se coloca entre os estados que mais avançam na área. Em menos de um ano após iniciar transplantes de fígado, o estado conquistou o 4º lugar no ranking nacional por milhão de habitantes, com taxa de 17,9 transplantes, segundo o Registro Brasileiro de Transplantes. Fica atrás apenas do Distrito Federal, Paraná e Ceará. Para o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões Corrêa, esse é um reflexo do esforço das equipes locais. “A habilitação de profissionais e hospitais fez com que, em pouco tempo, alcançássemos um resultado expressivo e que coloca Mato Grosso do Sul em evidência no cenário nacional”, afirmou.
Deputados se arrependem e pedem desculpas após votação da PEC da Blindagem

A aprovação da chamada PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados gerou reações de arrependimento entre parlamentares que apoiaram a proposta. O texto, que busca restringir a abertura de processos penais contra deputados e senadores no Supremo Tribunal Federal (STF), foi aprovado em dois turnos, mas agora enfrenta resistência no Senado. Nos últimos dias, alguns deputados usaram as redes sociais para admitir erro e pedir desculpas pelo posicionamento. A deputada Silvye Alves (União Brasil-GO) classificou seu voto como um “erro gravíssimo” e relatou ter cedido à pressão de “pessoas influentes do Congresso”. Segundo ela, a decisão foi tomada no fim da votação, motivada pelo medo de retaliações. Outro arrependido foi Merlong Solano (PT-PI), que disse ter cometido um “grave equívoco”. Em justificativa, afirmou que sua intenção era preservar o diálogo entre seu partido e a presidência da Câmara, além de tentar viabilizar pautas sociais como a isenção do Imposto de Renda e a taxação das casas de apostas. Na mesma linha, o deputado Pedro Campos (PSB-PE), irmão do prefeito do Recife, reconheceu que buscava evitar o boicote a projetos do governo federal, mas que a estratégia se mostrou equivocada. “A PEC acabou aprovada da forma que não queríamos, inclusive com a volta do voto secreto. Reconheço que não escolhemos o melhor caminho”, declarou. Deputados de MS se dividiram Em Mato Grosso do Sul, a votação expôs divisões. Votaram contra a PEC os deputados Vander Loubet (PT), Geraldo Resende (PSDB) e Camila Jara (PT). Já Dagoberto Nogueira (PSDB), Marcos Pollon (PL), Rodolfo Nogueira (PL), Luiz Ovando (PP) e Beto Pereira (PSDB) optaram pelo sim. O placar geral registrou 353 votos a favor e 134 contra no primeiro turno, e 344 a favor e 133 contra no segundo. Agora, o futuro da proposta será decidido no Senado, onde a expectativa é de um debate mais acirrado. Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
UEMS abre vestibular com 871 vagas em 18 municípios de MS; inscrições já estão disponíveis

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) abriu, nesta sexta-feira (19), as inscrições para o vestibular de 2026. O processo seletivo oferece 871 vagas em cursos de bacharelado e licenciatura distribuídos em 18 municípios do estado. Os interessados têm até 6 de novembro para se inscrever pelo site da Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura. A taxa é de R$ 100. As provas estão marcadas para 23 de novembro de 2025, das 8h às 13h, e serão aplicadas em cidades como Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Aquidauana, Ponta Porã, Naviraí e Maracaju, entre outras. Estrutura das provas O exame contará com 60 questões objetivas nas áreas de Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Matemática. Também haverá prova de redação, de caráter classificatório. Os candidatos terão cinco horas para concluir as atividades. O gabarito preliminar será divulgado no dia 26 de novembro e o resultado final está previsto para 20 de janeiro de 2026. A convocação para matrícula deve ocorrer a partir de fevereiro, conforme calendário acadêmico da UEMS. Cursos disponíveis Entre os cursos oferecidos estão opções tradicionais como Direito, Agronomia, Enfermagem, Psicologia e Engenharia Civil, além de graduações em áreas como Turismo, Terapia Ocupacional, Ciência da Computação, Zootecnia e Fonoaudiologia. Em Campo Grande, por exemplo, há vagas para Medicina, Letras, Geografia e Pedagogia. Já em Dourados, a universidade oferece cursos de Enfermagem, Sistemas de Informação e Ciência da Computação. Expansão e oportunidades Com unidades espalhadas em diferentes regiões, a UEMS se consolida como uma das principais portas de entrada para o ensino superior público no estado. A diversidade de cursos permite atender tanto às demandas acadêmicas quanto às necessidades locais de formação profissional.
Campo Grande abre chamada para agricultores fornecerem alimentos ao PAA Municipal

A Prefeitura de Campo Grande lançou, nesta sexta-feira (5), uma chamada pública voltada a agricultores familiares interessados em fornecer alimentos ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA Municipal). A iniciativa é coordenada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável (Semades) e tem como objetivo ampliar o acesso a produtos da agricultura familiar e destiná-los a famílias em situação de vulnerabilidade social. O período de fornecimento vai de 6 de outubro de 2025 a 6 de abril de 2026. Os itens adquiridos — como frutas, verduras, legumes, pães, mel e doces caseiros — serão entregues ao Banco de Alimentos de Campo Grande e distribuídos entre entidades sociais cadastradas. Quem pode participar Podem se inscrever agricultores familiares com inscrição no PRONAF, Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) ou Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP) válida. É necessário, ainda, estar inscrito no CadÚnico e apresentar toda a documentação exigida no edital. As propostas devem ser entregues pessoalmente na sede da Semades, entre os dias 9 e 12 de setembro, das 7h30 às 11h e das 13h às 17h. O endereço é Rua 25 de Dezembro, nº 924, 1º andar, Shopping Marrakech, Centro. Critérios de seleção Caso a procura ultrapasse os recursos disponíveis, terão prioridade agricultores inscritos no CadÚnico, mulheres agricultoras, povos e comunidades tradicionais, assentados da reforma agrária, produtores orgânicos e jovens entre 18 e 29 anos. O limite de fornecimento será de até R$ 7.500,00 por agricultor ao ano, respeitando os tetos de quantidade estabelecidos para alguns produtos. Renda e segurança alimentar De acordo com o secretário da Semades, Ademar Silva Junior, a iniciativa alia inclusão produtiva e combate à fome. “Estamos trabalhando para orientar e apoiar os agricultores familiares, ajudando-os a se regularizar e a acessar programas como o PAA Municipal. Essa chamada é mais uma forma de gerar renda no campo e, ao mesmo tempo, fortalecer a segurança alimentar em Campo Grande”, ressaltou.
Pressão de 12×8 passa a ser considerada pré-hipertensão em nova diretriz

A reclassificação acompanha a Sociedade Europeia de Cardiologia, que já define como pressão elevada valores entre 12×7 e 13×8. Pela referência, a hipertensão só é confirmada a partir de 14×9, mas quem apresenta pressão em torno de 12×8 já está em zona de risco. Com a mudança, a pressão considerada ideal passa a ser abaixo de 12×7. Isso porque pesquisas apontam que valores acima desse limite aumentam as chances de doenças cardiovasculares graves, como infarto e AVC. Para quem se enquadra na faixa de pré-hipertensão, os especialistas recomendam mudanças no estilo de vida: Segundo os cardiologistas, essas medidas podem prevenir a progressão da pressão arterial para níveis de hipertensão e proteger o coração a longo prazo.
Coleta de assinaturas pela intervenção no Consórcio Guaicurus começa na segunda

A partir da próxima segunda-feira (22), será aberta uma petição pública com o objetivo de medir o apoio popular à intervenção no contrato do Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande. A meta é alcançar 50 mil assinaturas até dezembro. A iniciativa é liderada pelo vereador Maicon Nogueira (PP), que foi contra o encerramento da CPI que investigou a precariedade do serviço prestado. Ele defende a citação nominal dos diretores do consórcio e a intervenção imediata no contrato bilionário de concessão. Segundo o parlamentar, o movimento busca dar visibilidade ao descontentamento da população. “A gente tem feito reuniões com conselhos de usuários, com coletivos, e a expectativa é colher até 50 mil assinaturas até dezembro nessa petição online”, afirmou. Apesar de ser o porta-voz da mobilização, Maicon esclarece que não é o autor formal da petição. Sua principal crítica foi ao relatório final da CPI, que não trouxe a nomeação explícita dos diretores do consórcio. Por essa razão, mesmo concordando com o teor do texto, ele optou por não assiná-lo. A intervenção, segundo o vereador, é legal e não abusiva, podendo ser usada como instrumento de pressão junto à Prefeitura e ao consórcio para garantir melhorias no transporte coletivo da capital.
Saúde orienta teste para detectar sinais de autismo em todas as crianças

O Ministério da Saúde lançou uma nova linha de cuidado para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), com foco na triagem precoce. A principal orientação é que profissionais da atenção primária apliquem o teste M-Chat em todas as crianças de 16 a 30 meses, durante a rotina de acompanhamento do desenvolvimento infantil. Segundo a pasta, a estratégia busca estimular intervenções antes mesmo da confirmação do diagnóstico. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o objetivo é “garantir o diagnóstico e os estímulos o mais cedo possível, apoiando também as famílias”. Além da triagem, o documento traz recomendações sobre encaminhamentos dentro da rede do SUS, até os Centros Especializados em Reabilitação (CERs), considerados essenciais no acompanhamento multiprofissional de pessoas com TEA e outras deficiências. A nova linha de cuidado também prevê planos terapêuticos individualizados, capacitação de profissionais e ações de orientação parental para fortalecer o vínculo entre saúde, família e escola. O Brasil estima que 1% da população viva com TEA, segundo o IBGE. Para ampliar o atendimento, o governo anunciou:
PEC da Blindagem pode barrar ações contra corrupção no uso de emendas

A proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que proíbe a abertura de ações criminais contra deputados e senadores sem autorização do Parlamento, pode favorecer a corrupção no uso das emendas parlamentares. O alerta vem sendo feito por especialistas e organizações que trabalham com o combate à corrupção. O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que reúne diversas entidades da sociedade civil, denunciou, em nota, que a PEC fortalece a impunidade e fragiliza a transparência, sobretudo “ao admitir o voto secreto em decisões que tratam da responsabilização de parlamentares”. O diretor do MCCE, Luciano Santos, afirmou à Agência Brasil que o crescimento dos volumes de dinheiro das emendas parlamentares favoreceu o aumento da corrupção no país. Em 2025, o orçamento federal destinou cerca de R$ 50 bilhões para emendas, valor semelhante ao previsto para 2026. “Temos clareza de que se está buscando exatamente uma blindagem por conta dessas investigações sobre as emendas. Não faz o menor sentido fazer essa blindagem dos políticos, especialmente sabendo que existem diversas investigações em curso”, destacou o especialista. Luciano argumenta que falta mais controle, transparência e rastreabilidade na execução desses recursos públicos. “É de fora que tá vindo o controle. É o Supremo quem está exigindo que o Congresso e o Executivo possam ter práticas e medidas para evitar que aconteçam os desvios nas emendas. Não dá para fazer uma lei onde a autorização precisa vir do Congresso. A história demonstra que isso não dá certo”, disse. Nos últimos anos, as emendas parlamentares têm sido alvos de diversas operações da Polícia Federal (PF) e de inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) por falta de transparência no uso desses recursos. Para o advogado e jurista Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, a grande motivação para a aprovação da PEC está nas investigações sobre pagamentos dessas emendas. “Eles já estão blindados, de alguma forma, pela falta de transparência. A PEC, na verdade, vai trazer uma tranquilidade a mais. É quase uma ação entre amigos. Quase todos, ou boa parte, está envolvida em ações suspeitas no pagamento de emendas. Eles vão ter interesse de se proteger mutuamente”, avalia o advogado. Inviabilizar o país O coordenador da Central das Emendas, plataforma que reúne dados sobre a execução das emendas parlamentares, Bruno Bondarovsky, afirmou à Agência Brasil que essa PEC dificulta que o dinheiro público liberado por emendas seja bem aplicado. “A transparência já é limitada devido ao modelo atual, que pulveriza os recursos sem o devido controle. A eficiência locativa é baixa por haver poucas restrições técnicas. Se as investigações de corrupção ficarem limitadas, essas emendas serão um ralo que pode inviabilizar o país”, alertou. No final de agosto, o ministro do STF Flávio Dino mandou a PF investigar 964 emendas individuais de parlamentares de transferência especial, chamadas “emenda Pix”, que somam R$ 694 milhões. Emendas parlamentares vêm sendo alvo de bloqueios bilionários. Em dezembro de 2024, Dino suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas por suspeitas de irregularidades. Nesta semana, Dino suspendeu o repasse de “emendas Pix” para nove municípios. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) em dez cidades só não encontrou irregularidade em um município. A execução das emendas parlamentares é um dos principais motivos de disputa entre o Supremo e o Congresso. Em março deste ano, o Parlamento aprovou novas regras para emendas a partir das orientações do STF, mas críticos apontam que as mudanças não foram suficientes para dar transparência e rastreabilidade aos recursos. Em nota, a Transparência Internacional, outra organização que trabalha com o tema da corrupção, lembrou que, entre 1998 e 2001, o Congresso barrou 253 investigações, autorizando apenas uma. Nessa época, vigorou a regra da autorização do Parlamento para abertura de ações penais contra parlamentares. “[Deputados e senadores] se mostram avessos a qualquer tipo de medida de transparência ou controle [sob emendas parlamentares] e se preocupam mais com a possibilidade de responsabilização pelos desvios do que com a necessidade de interrompê-los. A urgência da blindagem se origina justamente no avanço das investigações sobre esses desvios, que já alcançam quase uma centena”, afirmou a entidade. Por sua vez, o Instituto Não Aceito Corrupção afirmou que a PEC tem a pretensão “óbvia” de se obter impunidade assegurada pela legislação. “O que se propõe, a partir desta ignominiosa iniciativa, é a criação de uma verdadeira casta com alcunha jocosa de prerrogativa parlamentar para um nobre grupo de intocáveis, de pessoas acima do bem e do mal, afrontando-se também o princípio da isonomia constitucional”, disse a organização. Proteger o Parlamento Os defensores da PEC 3 de 2021 afirmam que a proposta visa proteger o exercício do mandato parlamentar contra interferências indevidas do Judiciário e contra supostas “perseguições políticas”, conforme argumentam parlamentares da oposição. O relator da PEC na Câmara, deputado Claudio Cajado (PP-BA), rejeita o argumento de que a proposta limite as ações criminais contra parlamentares. “Isso aqui não é uma licença para abusos do exercício do mandato, é um escudo protetivo da defesa do parlamentar, da soberania do voto e, acima de tudo, do respeito à Câmara dos Deputados e ao Senado”, justificou. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) defendeu que o Congresso Nacional não barraria investigações contra quem cometeu crimes. “Quem cometer crime vai pagar, uai. É simples assim, a gente vota e a gente mostra que essa casa é contra criminoso”, disse Nikolas durante a sessão. Na avaliação do diretor do MCCE, Luciano Santos, o argumento dos parlamentares não é válido porque, quando valeu a regra de autorizar investigações contra deputados e senadores, quase todos os processos foram barrados. “É absolutamente impossível acreditar que isso aconteça. Nós vimos parlamentares que foram cassados pelo Judiciário e que dependiam de votação no Congresso, e que isso leva muito tempo e o corporativismo efetivamente protege. A autoproteção ali é enorme”, finalizou. Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil Foto: Kayo Magalhaes/Câmara dos deputados