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PF investiga ligação de intoxicação por metanol com crime organizado

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, informou nesta terça-feira (30) que já foi instaurado inquérito policial para investigar as circunstâncias envolvendo os casos de intoxicação por metanol identificados no estado de São Paulo. Segundo ele, a corporação investiga, inclusive, a ligação da adulteração de bebidas alcoólicas com o crime organizado. “Dentre as razões, a questão da interestadualidade [há indícios de distribuição fora do estado de São Paulo] e a possível conexão com investigações recentes que fizemos, especialmente no estado do Paraná, com outras duas de São Paulo, em razão de toda a cadeia de combustível, onde parte disso passa pela importação de metanol pelo Porto de Paranaguá”, explicou. O diretor da PF disse que a investigação dirá se há conexão com o crime organizado baseado em operações anteriores, e que o trabalho será integrado com a Polícia Civil de São Paulo.  “A gente vai buscar trabalhar de maneira integrada. São investigações que se complementam com investigações na parte administrativa, com investigação a cargo também da Polícia Civil de São Paulo”, disse. Emergência médica A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar à morte. Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese). Em caso de identificação dos sintomas, buscar imediatamente os serviços de emergência médica e contatar pelo menos uma das instituições a seguir: É importante identificar e orientar possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem imediatamente um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado. A demora no atendimento e na identificação da intoxicação aumenta a probabilidade do desfecho mais grave, com o óbito do paciente.

Atletas de MS brilham no Mundial Paralímpico e colocam Brasil na liderança

O atletismo paralímpico brasileiro viveu uma terça-feira (30) histórica no Mundial de Nova Délhi, na Índia, com destaque especial para Mato Grosso do Sul. Os sul-mato-grossenses Fabrício Ferreira e Yeltsin Jacques subiram ao pódio e ajudaram o Brasil a assumir a liderança no quadro geral de medalhas. Na final dos 100 metros da classe T13, Fabrício conquistou o bronze com o tempo de 11 segundos. A disputa foi acirrada, e o ouro ficou com o japonês Shuta Kawakami (10s91), seguido do australiano Chad Perris (10s96). Fabrício, que nasceu com toxoplasmose e perdeu parte da visão na adolescência após deslocamento de retina, já acumula um histórico expressivo no esporte: prata no Mundial de Paris em 2023 e ouro no Parapan de Santiago, no mesmo ano. Yeltsin Jacques, por sua vez, confirmou mais uma vez seu favoritismo. Ao lado do guia Maurinaldo Santos, ele venceu os 1.500 metros da T11 com 4min02s02. A prova também teve dobradinha brasileira, já que Júlio César Agripino levou a prata. Esse foi o segundo pódio de Yeltsin no torneio, depois da prata nos 5.000 metros no último fim de semana. Campeão paralímpico em Tóquio 2020 e ouro em Paris 2023 e 2024, o atleta é hoje um dos grandes nomes do esporte brasileiro. Com os resultados, o Brasil fechou o dia na liderança do quadro de medalhas, com 27 conquistas: 7 de ouro, 14 de prata e 6 de bronze, deixando China e Polônia para trás. O desempenho confirma o bom momento do país no cenário paralímpico e reforça a força de Mato Grosso do Sul como celeiro de talentos no esporte adaptado.

Conta de luz terá redução parcial, mas cobrança extra segue em outubro

A conta de energia elétrica vai ficar um pouco menos pesada em outubro, mas o alívio será apenas parcial. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a aplicação da bandeira vermelha patamar 1 para o próximo mês, o que significa acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Atualmente, vigora o patamar 2, mais oneroso, que vinha pressionando ainda mais o bolso dos consumidores. De acordo com a Aneel, a mudança reflete uma leve melhora no cenário energético, mas a situação ainda inspira cuidados. A falta de chuvas comprometeu os reservatórios das hidrelétricas, obrigando o acionamento de usinas termelétricas, cuja geração é mais cara. Isso explica a manutenção da cobrança adicional. A agência também ressaltou que, embora a energia solar contribua significativamente para a matriz elétrica, sua produção é intermitente, o que a torna insuficiente para atender à demanda nos horários de pico, sobretudo à noite. Nessas horas, as termelétricas seguem sendo fundamentais para manter o fornecimento em todo o país. O sistema de bandeiras tarifárias, criado em 2015, é uma forma de informar os consumidores sobre as condições de geração de energia e os custos envolvidos. A bandeira verde indica situação favorável, sem custo extra. Já as bandeiras amarela e vermelha (nos patamares 1 e 2) sinalizam maior dificuldade no abastecimento e refletem diretamente na conta de luz.

Adriane Lopes decide revogar decreto que alterava adicionais de professores temporários da Reme

A Prefeitura de Campo Grande vai revogar o Decreto nº 16.389/2025, que regulamentava as aulas temporárias da Rede Municipal de Ensino (Reme). A decisão foi confirmada pela ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) e deve ser oficializada nos próximos dias, por meio de publicação no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande). A medida vinha sendo alvo de protestos de professores, que alegavam prejuízo à remuneração de caráter extra por titulação — como pós-graduação, mestrado e doutorado. Segundo a ACP, a Assembleia Geral Extraordinária, que havia sido convocada para esta segunda-feira (29) para discutir os impactos do decreto, foi cancelada diante da conquista. “Essa vitória é fruto da resistência coletiva e da união da categoria, que não aceita retrocessos na valorização da escola pública e no respeito à carreira docente”, destacou o sindicato em nota oficial. Entre os pontos mais criticados do decreto estavam a revogação de aulas em caso de afastamento superior a 15 dias por atestado médico, a ausência de adicionais por titulação (limitando todos os docentes ao nível PH2/A), a limitação da carga horária máxima em 20 horas semanais e a falta de garantias de estabilidade ou progressão na carreira. Com a revogação, professores temporários voltam a contar com os benefícios anteriores, em especial os adicionais de formação, considerados fundamentais para a valorização da educação municipal.

Batayporã abre concurso público com 65 vagas e salários de até R$ 16,8 mil

A Prefeitura e a Câmara Municipal de Batayporã, no interior de Mato Grosso do Sul, lançaram nesta segunda-feira (29) editais de concursos públicos que ofertam 65 vagas efetivas em diferentes áreas e níveis de escolaridade. Os salários variam de R$ 1.600 a R$ 16,8 mil, dependendo do cargo. A organização do certame está a cargo da Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec). As inscrições já estão abertas e seguem até 11 de dezembro de 2025. As taxas de participação foram fixadas em R$ 140 para cargos de nível superior, R$ 120 para nível médio e R$ 100 para nível fundamental. O processo seletivo será composto por prova objetiva para todos os cargos. Algumas funções terão etapas adicionais: prova discursiva (para procurador), prova prática (para motoristas e operadores) e avaliação de títulos (para determinados cargos de nível superior). As provas estão marcadas para 11 de janeiro de 2026, com resultado previsto para 22 de abril do mesmo ano. Exemplos de cargos e salários Segundo a administração municipal, o concurso busca fortalecer o quadro de servidores efetivos e atender à demanda por serviços públicos essenciais.

Flávia Saraiva brilha na Hungria e conquista ouro na trave pela Challenge Cup

A brasileira Flávia Saraiva, de 25 anos, confirmou o favoritismo e garantiu o ouro na trave durante a etapa de Szombathely, na Hungria, da World Challenge Cup de Ginástica Artística. Com a nota de 13.800, a medalhista olímpica superou a espanhola Alba Petisco (13.250) e a húngara Gréta Mayer (13.100), reafirmando sua posição entre as melhores do mundo no aparelho. Flávia já havia sido a melhor na fase classificatória e, com a vitória, conquistou o pódio na trave em etapas internacionais pela terceira temporada consecutiva. Nos últimos anos, ela foi prata na Turquia (2024) e bronze em Paris (2023), resultados que mostram sua regularidade em alto nível. O Brasil também se destacou em outras provas neste domingo. Júlia Soares conquistou a medalha de prata no solo, com 12.550 pontos, enquanto sua xará Júlia Coutinho ficou com o bronze, marcando 12.250. O ouro ficou com a romena Denisa Golgota, que alcançou 12.750. Entre os homens, Caio Souza ficou a apenas 0.1 do título nas barras paralelas, somando 14.150 pontos e garantindo a prata atrás do turco Ferhat Arican. No sábado (20), a jovem Ana Luiza Lima, de apenas 20 anos, havia conquistado sua primeira medalha em etapas internacionais: o bronze nas barras assimétricas. A etapa de Szombathely foi a última competição internacional antes do Mundial de Ginástica Artística, que será disputado em Jacarta, na Indonésia, entre os dias 19 e 25 de outubro. Os resultados serviram como avaliação final para a comissão técnica definir a equipe que representará o Brasil.

COP-30 será oportunidade para fortalecer multilateralismo, diz Marina

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que a 30ª edição da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), que acontecerá em Belém (PA), em novembro deste ano, será uma oportunidade de os países fortalecerem o multilateralismo climático, ou seja, a cooperação global contra as mudanças do clima. “A COP-30 é uma forma de fortalecermos o multilateralismo e de buscarmos novos paradigmas”, declarou a ministra durante uma coletiva de imprensa.  A conversa com os jornalistas foi realizada logo após o último dos seis encontros regionais do chamado Balanço Ético Global (BEG), uma iniciativa de mobilização social que aconteceu em Nova York. Na companhia do presidente designado da COP-30, o embaixador brasileiro André Corrêa do Lago; da fundadora do Centro de Ética da Terra, Karenna Gore e do conselheiro especial do Secretário-Geral da ONU para a Ação Climática e Transição Justa, Selwin Hart, Marina destacou a importância do fortalecimento da diplomacia e do multilateralismo climático que, segundo ela estão sob ameaça. “O multilateralismo corre o risco de ser estilhaçado e este seria o pior dos mundos”, declarou Marina, pouco antes de, ao responder a uma pergunta sobre “os retrocessos na agenda ambiental”, citar a decisão dos Estados Unidos de deixarem, em janeiro de 2026, o chamado Acordo de Paris, pactuado por 195 países, durante a COP-21, para enfrentar e tentar reverter as mudanças climáticas globais, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e evitar um aumento da temperatura média global superior a 1,5°C acima dos níveis pré-Revolução Industrial, nos fins do século 18. “Claro que isso é um prejuízo enorme. Os EUA são, de longe, a maior potência econômica, o segundo maior emissor [de gases de efeito estufa], a maior potência tecnológica. Se não estão alinhados com o Acordo de Paris, há sim um imenso prejuízo e não seremos negacionistas de não reconhecermos isso. Por outro lado, esta é a oportunidade para […] que diferentes países possam dar uma demonstração de fortalecimento do multilateralismo climático”, ponderou a ministra. Ela frisou que os desafios do clima exigem uma mudança de perspectiva e a implementação de iniciativas para viabilizar, até 2035, os US$ 1,3 trilhão necessários para apoiar os países em desenvolvimento a executarem ações de redução de emissão de gases de efeito estufa e de adaptação aos impactos da mudança do clima e a substituição gradual dos combustíveis fósseis, poluentes, como petróleo, carvão e gás natural, por energias renováveis (solar, eólica, hidrelétrica e biomassa). “Ainda temos uma limitação de fontes renováveis para suprir toda a demanda por energia, sobretudo dos setores econômicos, mas isto tem que ser superado pelo fornecimento de energia limpa” A ministra enfatizou que não se pode mais protelar as decisões já tomadas. “Como as de triplicar [o uso de fontes de energia] renovável, duplicar a eficiência energética e investir, global e nacionalmente, em uma matriz energética limpa e diversificada que substitua estas fontes fósseis. Se não, vira uma eterna desculpa: não fazemos a transição porque ainda não há alternativas [capazes de atender a demanda], mas não se investe [no desenvolvimento e disseminação das] alternativas”, concluiu. Ainda durante a entrevista coletiva, Marina comentou a questão dos preços da estadia em Belém durante a COP-30. “São inaceitáveis”, disse, assegurando que o governo brasileiro vem adotando as medidas cabíveis para garantir que as delegações internacionais e a sociedade civil consigam participar, presencialmente, do evento. “Em parceria com o governo do Pará, o governo federal tem procurado os meios legais de que dispõe para pôr um freio nestes preços exorbitantes, inaceitáveis”, disse a ministra. Marina Silva ressaltou que, em outras edições da COP, em diferentes países, o valor das diárias aumentaram, em média, três vezes em comparação aos valores habitualmente cobrados. Desta vez, em Belém, há relatos de aumentos de até dez vezes. “É o absurdo do absurdo”. “Estamos fazendo tudo para que todos os países possam estar presentes”, acrescentou o embaixador André Corrêa do Lago, explicando que uma das propostas é assegurar ao menos 15 quartos para as delegações de países de “menor desenvolvimento relativo” e para “as pequenas ilhas”, além de, no mínimo, dez quartos para as nações que tenham “mais meios para tentar conseguir quartos no mercado”. “Infelizmente, o preço dos quartos em Belém continuam completamente desproporcional a qualquer COP. Isso, realmente, não tem facilitado [a organização do evento]. E temos que lembrar que não são apenas os delegados – sem os quais não há COP -, mas também a sociedade civil, a academia, o setor privado e a imprensa. Há, ainda, muita gente precisando de quartos”, admitiu Lago.

Chikungunya traz preocupações após uma década de presença no Brasil

Passados pouco mais de dez anos dos primeiros casos identificados no país, o vírus causador do chikungunya ainda traz uma série de preocupações para o Brasil. O alerta é da reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare). Durante conferência realizada dentro do Congresso Nacional de Reumatologia, que acontece até este sábado (20) no Centro de Convenções de Salvador (BA), ela destacou que um dos grandes desafios relacionados à doença é o controle do vetor, ou seja, o combate aos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, transmissores do vírus. “Ainda existem muitos desafios para a gente tratar e controlar essa doença no Brasil. O primeiro destaque que temos é o controle desse vetor. A gente mora numa zona tropical e em que há dificuldade de controle por causa [da falta de] saneamento básico. E a gente precisa também de uma adequação do sistema de saúde para acompanhamento desses pacientes, principalmente na rede pública. Dependendo da região, não existem ambulatórios suficientes no Brasil para acompanhar esse paciente”, disse ela. Há duas semanas, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) comunicou estar preocupada com surtos localizados da doença em países das Américas. Segundo alerta epidemiológico da Opas, os maiores surtos de chikungunya em 2025 se concentraram na América do Sul, particularmente na Bolívia, no Brasil, Paraguai e em partes do Caribe. Até o dia 9 de agosto de 2025, 14 países da região relataram um total de 212.029 casos suspeitos de chikungunya e 110 mortes, com mais de 97% desses casos ocorrendo na América do Sul. “A presença simultânea desses e de outros arbovírus aumenta o risco de surtos, complicações graves e mortes, especialmente entre populações vulneráveis”, alertou a Opas. Só neste ano de 2025, o Brasil já registrou 121.803 casos de chikungunya, com 113 mortes confirmadas até o dia 17 de setembro, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses, divulgado pelo Ministério da Saúde. “O Nordeste foi grande epicentro dessa doença, então foi aqui que os primeiros casos ocorreram, a gente começou a tratar mais essa doença e ela ainda continua [a existir] com grande carga. Hoje o vírus está espalhado por todo o Brasil e há descrição de que já houve cerca de sete grandes ondas epidêmicas detectadas no país nos últimos dez anos. No último ano, a gente teve, principalmente, os estados de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul, com um grande número de casos da doença”, explicou a especialista. Vacina Recentemente, o Instituto Butantan anunciou uma vacina contra a doença, desenvolvida em parceria com a empresa farmacêutica Valneva. O imunizante contém uma versão viva e atenuada do vírus da chikungunya, o que pode causar sintomas semelhantes aos da doença. Em abril deste ano, a vacina recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autorizou sua aplicação em pessoas acima dos 18 anos. No entanto, em agosto deste ano, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, que também havia aprovado a vacina, decidiu suspender sua licença após o relato de efeitos adversos graves, que culminaram em hospitalizações e mortes. Essa suspensão, disse Viviane Machicado Cavalcante, pode fazer com que a Anvisa também reavalie sua decisão em relação ao mesmo imunizante. “Essa notícia é recente, do final de agosto. Há cerca de um mês, os Estados Unidos, que têm essa vacina aprovada e que já estava em comercialização, suspendeu a licença do imunizante, porque foram evidenciados alguns casos de efeitos adversos relacionados à vacina, inclusive de encefalite idiopática. O FDA suspendeu a licença, só que a gente não sabe ainda qual vai ser o posicionamento da Anvisa em relação a isso”, afirmou a médica. Chikungunya A chikungunya é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue e do zika. Ela pode provocar dor crônica nas articulações. Os sintomas mais comuns são febre alta, dores nas articulações, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas no corpo. Em casos graves, os pacientes podem desenvolver dor crônica nas articulações que podem durar anos. A principal forma de prevenção é o combate ao mosquito, eliminando criadouros e água armazenada em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas e piscinas sem uso. É na água parada que o mosquito deposita seus ovos. Elaine Patrícia Cruz – Agência Brasil Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Justiça nega prorrogar patente de substância de caneta emagrecedora

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) publicou nesta sexta-feira (19) decisão que autoriza terceiros a produzir medicamentos à base de liraglutida. Entre eles, estão as “canetas” que combatem a obesidade e o diabetes tipo 2. Segundo a Justiça, não há direito de extensão do prazo da patente da substância (PI0410972-4), como desejava a empresa Novo Nordisk, responsável pela caneta emagrecedora Saxenda. A medida atende ao pedido do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para suspender decisão de primeira instância que havia estendido a duração da patente. De acordo com o INPI, a decisão ganha relevância em meio à preocupação com desabastecimento de medicamentos. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu edital para registros de produtos à base de semaglutida, reforçando a necessidade de ampliar a oferta no mercado. Segundo o INPI, o entendimento do TRF1 segue a linha do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2021, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.529, declarou inconstitucional a prorrogação automática de patentes e fixou em 20 anos o prazo máximo de vigência, contado a partir do depósito. Para o INPI, a decisão reafirma a segurança jurídica e a previsibilidade no sistema de propriedade industrial, garantindo a função social da patente, a livre concorrência e o acesso da população a medicamentos mais acessíveis. A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a empresa Novo Nordisk. A empresa enviou a seguinte nota: “Causou estranheza à Novo Nordisk que o INPI tenha pleiteado à justiça, em suas razões de apelação, o reconhecimento de suposto direito de livre comercialização de produtos em favor de terceiros, bem como tenha opinado através de comunicado em seu site oficial sobre suposto risco de desabastecimento de medicamentos GLP-1 no mercado brasileiro, matéria de competência da ANVISA. O INPI deveria manter-se focado em prestar seus serviços de forma eficiente, promovendo o respeito à propriedade industrial e um ambiente pró-inovação no país. O INPI é um órgão de natureza técnica, cuja atuação no exame de patentes deve ser adstrita ao cumprimento dos requisitos legais, não deve ser pautada por políticas públicas de nenhum setor industrial específico”.

Nova diretriz sobre obesidade e sobrepeso foca em risco cardiovascular

Uma nova diretriz brasileira determina que todos os pacientes adultos com sobrepeso ou obesidade devem ter sua condição cardiovascular avaliada e categorizada. O documento foi elaborado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Academia Brasileira do Sono (ABS). A Diretriz Brasileira Baseada em Evidências de 2025 para o Manejo da Obesidade e Prevenção de Doenças Cardiovasculares e Complicações Associadas à Obesidade prevê também que pacientes adultos com idade entre 30 e 79 anos com sobrepeso ou obesidade, sem doença cardiovascular prévia, devem ter sua condição cardiovascular avaliada por meio do escore Prevent – ferramenta que calcula a probabilidade de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca ao longo dos dez anos seguintes. De acordo com o documento, profissionais de saúde devem categorizar o risco cardiovascular de pacientes com sobrepeso ou obesidade como risco baixo, moderado e alto, conforme descrito a seguir: – risco baixo: pessoas com sobrepeso ou obesidade, com Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 40 e idade menor que 30 anos, que não apresentam nenhum fator de risco cardiovascular; pessoas com sobrepeso ou obesidade com idade maior ou igual a 30 anos, com risco cardiovascular calculado pelo escore Prevent como menor que 5% em 10 anos. – risco moderado: pessoas com sobrepeso ou obesidade, com IMC menor que 40, que nunca tiveram eventos cardiovasculares, com um ou mais fatores de risco; pessoas com sobrepeso ou obesidade, com IMC menor que 40, em prevenção primária, com risco cardiovascular calculado pelo escore Prevent como entre 5% e menor que 20% em dez anos. – risco alto: pessoas com doença coronariana crônica confirmada, infarto agudo do miocárdio, AVC isquêmico ou acidente isquêmico transitório, doença arterial obstrutiva periférica, revascularização em qualquer território arterial; pessoas em prevenção primária, com risco cardiovascular calculado pelo escore Prevent maior ou igual a 20% em dez anos; pessoas com diabetes tipo 2 há mais de dez anos; pessoas com doença renal crônica 3b; pessoas com escore de cálcio coronário maior que 100 sem diabetes ou maior que 10 com diabetes. Outra categoria definida pela diretriz trata de risco alto especificamente para insuficiência cardíaca, válido para pessoas com IMC maior que 40, mesmo assintomáticas; pessoas com obesidade, diabetes e hipertensão associados; pessoas com apneia obstrutiva do sono grave; pessoas com fibrilação atrial; pessoas com doença renal crônica grau 3b; pessoas com risco de insuficiência cardíaca calculado pelo escore Prevent igual ou maior que 20% para os dez anos seguintes; pessoas com doença aterosclerótica cardiovascular estabelecida; pessoas com sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca. Canetas emagrecedoras A nova diretriz destaca ainda o papel de substâncias como a liraglutida e a semaglutida, princípios ativos de medicamentos agonistas GLP-1, popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras, no combate ao sobrepeso e à obesidade. O documento recomenda, por exemplo, o uso da liraglutida para pacientes adultos com sobrepeso ou obesidade e risco cardiovascular moderado ou alto com o objetivo de perda de peso e de redução de risco cardiovascular. Outra recomendação inclui o tratamento com a semaglutida em pessoas com IMS maior ou igual a 27, sem diabetes e com doença cardiovascular estabelecida (prevenção secundária) com o objetivo de redução de risco de mortes relacionadas a doença cardiovascular, infarto agudo do miocárdio e AVC. O documento também recomenda a perda de peso para pessoas com obesidade e apneia obstrutiva do sono moderada a grave, com o objetivo de melhora ou remissão da apneia; para pessoas com obesidade e insuficiência cardíaca estabelecida com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, a função cardíaca e a capacidade para o exercício físico.