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AirFryers: funcionamento, benefícios e possíveis riscos à saúde

Nos últimos meses, surgiram questionamentos nas redes sociais sobre possíveis riscos à saúde associados ao uso desses aparelhos

As fritadeiras sem óleo, conhecidas como AirFryers, conquistaram espaço nas cozinhas brasileiras, prometendo preparar alimentos com menos gordura e promovendo uma vida mais saudável. No entanto, nos últimos meses, surgiram questionamentos nas redes sociais sobre possíveis riscos à saúde associados ao uso desses aparelhos, especialmente relacionados à produção de acrilamida, uma substância tóxica. Especialistas esclarecem o funcionamento das AirFryers e seu impacto na qualidade dos alimentos.

O físico Francisco Guimar, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), explica que as fritadeiras elétricas operam pela transferência de calor. As hélices internas fazem circular ar quente, aquecendo os alimentos de forma uniforme. Esses aparelhos funcionam como fornos de convecção em miniatura, onde o ar aquecido é movido por um ventilador, permitindo um aquecimento mais rápido e eficiente do que em fornos elétricos tradicionais.

A nutricionista Beatriz Tenuta, professora do curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, ressalta que nos fogões convencionais também ocorre aquecimento do ar, mas sem a circulação promovida pelos ventiladores. No forno doméstico, o ar quente fica parado, resultando em um tempo maior para o preparo dos alimentos. A circulação de ar mais eficiente nas AirFryers reduz significativamente esse tempo.

Do ponto de vista da física, Guimar afirma que não há malefícios na ingestão de alimentos preparados nas fritadeiras sem óleo. O processo de aquecimento com ar quente não altera a estrutura ou composição dos alimentos. Beatriz confirma que é saudável consumir refeições preparadas na AirFryer. Ela aponta que o uso desses aparelhos é mais saudável do que as fritadeiras convencionais, pois não dependem de óleo, reduzindo assim o consumo diário de gorduras.

A engenheira de alimentos Adriana Pasevi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que a acrilamida pode se formar em alimentos aquecidos a 120 ºC, devido à reação de Maillard, que ocorre quando açúcares se combinam com aminoácidos em altas temperaturas. Essa reação não é exclusiva da AirFryer e ocorre em qualquer método de aquecimento, seja no fogão, no micro-ondas ou na churrasqueira. Embora a acrilamida tenha potencial cancerígeno e neurotóxico em estudos com animais, os níveis encontrados na dieta comum não são altos o suficiente para causar esses efeitos em humanos.

Adriana enfatiza que eliminar completamente a acrilamida da dieta é impossível, mas é possível minimizar sua formação evitando fritar ou assar alimentos até que fiquem muito escurecidos ou com uma casca dourada. Os níveis de acrilamida na dieta comum não são considerados perigosos, e mais estudos são necessários para determinar seu impacto em humanos.

Beatriz sugere que a AirFryer é ideal para preparar alimentos que normalmente seriam fritos em óleo, como asinhas de frango, salgados e batata-frita, promovendo uma alimentação mais saudável sem sacrificar o sabor. No entanto, é importante consumir esses alimentos com moderação, mesmo quando preparados na AirFryer, para manter uma dieta equilibrada.

Em termos nutricionais, não há desvantagens no uso de fritadeiras elétricas, segundo Beatriz. Elas podem até preservar melhor alguns nutrientes, especialmente em vegetais, que podem perder vitaminas hidrossolúveis quando cozidos em água. Prepará-los na AirFryer pode ser uma maneira eficaz de manter seu valor nutricional.

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