A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) tornou-se a primeira instituição de ensino superior no Brasil a assegurar, por lei, a reserva de 10% das vagas para indígenas em todos os seus cursos de graduação — uma iniciativa pioneira que se transformou em modelo nacional de inclusão e respeito à diversidade.
Essa política pública reflete o compromisso da universidade com a promoção da equidade no acesso à educação e com o fortalecimento das culturas originárias. Em 2024, mais de 600 estudantes indígenas estão matriculados na UEMS, a maioria em cursos presenciais.
📚 Histórias que inspiram: Tonico Benites Filho da comunidade indígena Jaguapiré, Tonico Benites começou sua trajetória como professor em uma escola de sapé. Após completar o magistério, ingressou no curso Normal Superior da UEMS e, mesmo com dificuldades financeiras, prosseguiu até o pós-doutorado na França e na Alemanha. Hoje, ele é professor da própria universidade que o formou e um dos principais nomes da educação intercultural no país.

Tonico ajudou a transformar sua aldeia, que passou de 300 habitantes e uma escola improvisada, para uma comunidade com escola polo, Ensino Médio completo e mais de mil moradores. Sua filha hoje cursa Letras na UEMS.
🎓 Leosmar Terena: da aldeia à ONU e ao Ministério Outro exemplo é o de Leosmar Antonio, indígena Terena, que viu sua vida mudar após ver um comercial sobre o vestibular da UEMS. Ele se formou em Ciências Biológicas, fez mestrado e doutorado, foi bolsista da Embrapa e atuou como professor em sua aldeia e na UFMS.
Com o acúmulo de experiência, foi convidado a trabalhar no Ministério dos Povos Indígenas, em Brasília, onde assumiu o cargo de coordenador-geral de Promoção do Bem Viver Indígena. Entre suas atribuições está a reestruturação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).
🌿 Educação como ponte para a transformação Desde 2002, a UEMS implementou por lei a política de cotas específicas para indígenas e foi além: criou cursos voltados especialmente para os povos originários, como o Curso Normal Superior Indígena, a Pedagogia Intercultural e a Agroecologia Intercultural, com turmas presenciais e para indígenas em situação de privação de liberdade.
Essas ações posicionam Mato Grosso do Sul como único estado com legislação própria que garante esse acesso e consolidam a UEMS como uma referência nacional em inclusão educacional.