O juiz Deyvis Ecco, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, marcou quatro dias de audiências para ouvir 79 testemunhas no processo que apura o desvio de R$ 8 milhões da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da capital sul-mato-grossense. O caso é um dos desdobramentos da Operação Turn Off, que investiga fraudes em contratos públicos das áreas de Saúde e Educação em Mato Grosso do Sul, com prejuízo total estimado em R$ 68 milhões.
De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), a ação concentra-se no superfaturamento de bolsas de colostomia destinadas a crianças em tratamento. “Pagavam até 1.400% acima do valor de mercado por produtos imprestáveis”, destacou o órgão.
O ex-coordenador da Apae, Paulo Henrique Muleta de Andrade, é apontado como líder do esquema, ao lado da ex-servidora Kellen de Lis e dos empresários Lucas e Sérgio Coutinho. Segundo o Ministério Público, o grupo usava empresas de fachada para desviar recursos públicos, com a participação de servidores da instituição.
O Gaeco acrescenta que Muleta tentou esconder valores e planejava deixar o país, solicitando cidadania italiana. A movimentação de cerca de R$ 500 mil e a tentativa de fuga levaram à decretação de sua prisão preventiva durante as investigações.
As audiências foram marcadas para os dias 13 a 16 de abril de 2026. Cada réu terá suas testemunhas ouvidas separadamente, e, caso o cronograma permita, os acusados também poderão ser interrogados ao final dos depoimentos. Todos respondem por peculato, crime que prevê pena de 4 a 12 anos de reclusão.