Após quase duas décadas de queda, o Brasil registrou um aumento preocupante no número de fumantes adultos. Segundo dados preliminares do Ministério da Saúde divulgados nesta quarta-feira (28), a taxa de fumantes passou de 9,3% para 11,6% em 2024. O levantamento foi feito nas capitais e no Distrito Federal e apresentado em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio).
Esse é o primeiro crescimento da série histórica iniciada em 2006. Entre os homens, o índice subiu de 11,7% para 13,8%. Entre as mulheres, foi de 7,2% para 9,8%.
🚬 Alerta aceso entre os jovens
De acordo com Letícia Cardoso, diretora do Departamento de Doenças Crônicas do Ministério, o aumento já havia sido identificado entre jovens de 18 a 34 anos em 2023, e agora aparece na média nacional. Ela defende a adoção urgente de políticas públicas mais duras voltadas à prevenção.
A pesquisa também revelou que o uso de cigarros eletrônicos está em alta entre as mulheres, dobrando de 1,4% para 2,6%. Apesar da proibição da Anvisa desde 2009, os vapes seguem ganhando espaço, especialmente entre o público jovem.
💸 Custo social maior que o lucro
Durante o evento, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelou que o custo do cigarro para o sistema de saúde é cinco vezes maior que a arrecadação de impostos sobre o produto. Em 2019, houve uma morte associada ao cigarro para cada R$ 156 mil de lucro com a venda legal do produto.
Entre os fatores que contribuíram para o aumento do tabagismo, destacam-se:
- Congelamento do preço dos cigarros por 8 anos;
- Uso de aditivos com sabores atrativos para jovens;
- Tributação defasada sobre produtos derivados do tabaco.
O Ministério da Saúde pretende ampliar as ações de combate ao tabagismo e estender os levantamentos epidemiológicos para além das capitais, com o objetivo de conter a tendência de alta.