Os brigadistas que atuam no combate aos incêndios no Pantanal enfrentam condições difíceis sob sol escaldante, longas horas de locomoção e ar carregado de fuligem. A união de esforços inclui Corpos de Bombeiros, brigadas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios (PrevFogo) e grupos de ONGs como a SOS Pantanal e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP).
A seca, a estiagem e os efeitos do El Niño anteciparam os incêndios no bioma, intensificando o trabalho dos brigadistas. Manoel Garcia, da Brigada Alto Pantanal, explica que, durante os seis primeiros meses do ano, o trabalho é de prevenção, mas em 2024 o combate ao fogo começou antes. Os brigadistas percorrem longas distâncias de lancha, caminhonete e trator para chegar aos focos de incêndio.
Nos últimos dias, Manoel tem atuado próximo à Serra do Amolar, no Paraguai Mirim. O trajeto inclui três horas de lancha rápida, uma hora de caminhonete e mais três horas de trator até a “cabeça do fogo”. Gustavo Figueirôa, brigadista, destaca a dificuldade de acesso e o cansaço acumulado ao chegar para o combate. Apesar disso, eles conseguem conter o fogo com aceiros, separando áreas de mata e evitando o avanço das chamas.
O trabalho dos brigadistas inclui rescaldos, onde troncos ainda em brasa são resfriados com água para evitar novos focos. Sérgio Ramos, do Instituto Homem Pantaneiro, comenta sobre o combate noturno, que exige outra visão e táticas diferentes. A exposição a animais peçonhentos e os variados terrenos do Pantanal aumentam a cautela necessária no serviço.
O PrevFogo, vinculado ao Ibama, contratou um número recorde de brigadistas para 2024, totalizando 145 profissionais. A última liberação, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 10 de junho, autorizou a contratação de 45 novos brigadistas. Márcio Yule, responsável pelo PrevFogo em Mato Grosso do Sul, ressaltou que este é o maior número de contratados já registrado, com 70 brigadistas começando em julho e atuando até dezembro.