Raíza Vieira, de 34 anos, enfrentou uma longa jornada até receber o diagnóstico de câncer de mama metastático, em dezembro de 2022. Desde então, ela tem travado batalhas não apenas contra a doença, mas também para garantir o acesso à quimioterapia, essencial para o controle do câncer avançado que já comprometeu ossos, coluna e pulmões. “Eu tive que brigar muito, entrar na justiça, acionar advogados e até recorrer à mídia para conseguir o direito à medicação que me mantém viva”, desabafa Raíza.
A dificuldade no acesso à quimioterapia de alto custo é uma realidade enfrentada por muitos pacientes. Mesmo após decisão judicial que obrigou o plano de saúde a fornecer o medicamento, Raíza relata atrasos constantes e burocracias que comprometem a continuidade do tratamento. “Cada mês é uma incerteza. Tenho que pedir a liberação, apresentar exames e, muitas vezes, fico sem resposta. Recentemente, cancelaram meu pedido principal por um erro administrativo, e isso colocou minha vida em risco”, conta.
Apesar dos desafios, Raíza mantém uma visão otimista sobre a vida. Com apoio psicológico e multiprofissional, ela conseguiu ressignificar sua trajetória e superar os momentos mais difíceis. “Eu sou um milagre, porque não era para estar aqui. Mas eu não deixo o câncer determinar meus dias. Ele faz parte da minha vida, mas não é a minha vida. Eu escolho viver com alegria, com fé e com vontade de vencer”, afirma.
Na Oncovitta, clínica que acompanha seu tratamento, a psicóloga Karin Schroeder destaca a importância do suporte emocional. Segundo ela, a psicologia oferece um espaço para acolher as angústias e preparar o paciente para lidar com as limitações do tratamento. “A oncologia transforma a vida de quem passa por ela. Não existe um retorno ao ‘normal’, mas sim um aprendizado profundo que permite ao paciente criar uma nova perspectiva para a vida”, explica Karin.
Raíza, hoje, retoma gradualmente a rotina com a família, trabalha como artesã e segue compartilhando sua história como uma forma de inspirar outras pessoas. “Eu quero que minha trajetória seja um testemunho de superação e fé. E, mais do que isso, quero que meu caso mostre que todo paciente merece respeito, tratamento digno e uma chance de lutar pela vida”, conclui.